Diário de um infectado pela Covid-19
Durante esses 10 meses de pandemia, a Covid-19 quase sempre foi pauta dos meus textos neste espaço, já que ela afetou e vem afetando drasticamente o comércio e consequentemente o setor de alimentação fora do lar. Hoje venho trazer uma experiência própria de convivência com o vírus. Não sobre os impactos que ele causa na economia, mas sim um relato real de quem teve um diagnóstico confirmadamente positivo: eu.
Desde que a pandemia começou, trabalhei no meu estabelecimento com todo o meu time. Nesse processo atendi clientes, fornecedores, fiz compras na Ceasa, mas sempre atento a todos os cuidados preventivos. Felizmente passei ileso por 2020.
Na segunda semana de janeiro fiz uma pequena viagem de trabalho para uma cidade do interior de Minas, na qual sou vice-presidente de um clube. Passados os compromissos profissionais, separei três dias para curtir uma folguinha com a família nesta mesma região. Ficamos hospedados na casa de um amigo e, ao voltar para Belo Horizonte, já estava contaminado. Isso significa que o contágio não está apenas nos bares e restaurantes, nas lojas do comércio aberto, mas sim em todos os locais, até os menos improváveis.
Durante os 14 dias que fiquei em isolamento domiciliar (felizmente não precisei ser internado nem respirar com a ajuda de aparelhos) tive todos os sintomas, de forma bem expressiva: dor de cabeça, no corpo, diarreia, falta de paladar e olfato, dificuldade de respiração e cansaço nas mínimas atividades. Tive também a experiência de fazer duas consultas médicas virtuais e uma presencial. Com isso pude entender o quão complexa é a doença.
No meu caso o tripé hidroxicloroquina, invermectina e azitromicina resolveram o problema. Medicamentos cujo kit não ultrapassou a bagatela de R$ 100. Entendo que a eficácia desse trio é questionada. Porém acredito que o alinhamento de informações desatreladas de questões ideológicas/políticas e a busca por um tratamento unificado poderiam (sim) ter salvo milhares de vidas mundo afora, (ceifadas pela desinformação), evitado o colapso do sistema de saúde, bem como o desgaste físico/psicológico de equipes médicas e a falência de diversos setores da economia.
Quero deixar claro que não sou médico, não tenho a intenção de prescrever receitas, mesmo porque o que me salvou poderia não ter sido eficaz para outros casos. Entretanto é preciso que as instâncias de poder do nosso país parem de politizar o coronavírus.
A verdade é que ainda não sabemos muito sobre a doença. Portanto não existe um grupo de medicamentos 100% eficientes ou ineficientes. Antes de julgar x ou y, talvez seja melhor tentar. Por que não? Eu sou a prova viva [viva] de que comigo foi possível. Essa foi a minha experiência, o que eu vivi e o que me curou.
Texto publicado na minha coluna do jornal "Hoje em Dia".