Realidade Distorcida
A Associação Brasileira de Bares e Restaurantes em Minas Gerais (ABRASEL-MG) lançou recentemente o ‘Fechômetro’. O contador especial monitora a quantidade real de leitos destinados ao tratamento da Covid-19 que Belo Horizonte teria, desde o início da pandemia, caso a prefeitura optasse por não fechá-los a cada queda dos índices epidemiológicos na capital.
A ideia mostra, de forma simples e direta, que o fato de a cidade estar com número elevado de ocupação dos leitos de UTI destinados aos pacientes com coronavírus se refere, também, ao baixo índice de unidades disponíveis no Sistema Único de Saúde. Com isso, sempre que uma nova explosão de casos acontece, a rede hospitalar é facilmente colapsada, ou seja, chega-se à conclusão de que os leitos fechados anteriormente fazem muita (muita) falta.
Se essa gestão de leitos da PBH não fosse falha e desastrosa, acredito que o cenário da pandemia, ao longo desses últimos 14 meses, teria sido bem diferente. O comércio, incluo aqui bares e restaurantes, não teria sofrido tanto com longos períodos de fechamento, falências e demissões, já que com mais unidades hospitalares abertas, a população infectada teria como ser atendida com mais rapidez.
Os vários ‘terias’ no parágrafo anterior foram propositais. E eles continuam aqui. Se nossos gestores fossem mais atentos aos números de leitos abertos e fechados, nossas atividades não seriam tão impactadas, entre elas os festivais gastronômicos que fazemos ao longo do ano. Até o próximo dia 30, por exemplo, a ABRASEL realiza em todo o país, a 15ª edição do ‘Brasil Sabor’. Em Minas Gerais, 60 casas participam deste festival. Elas estão localizadas em Belo Horizonte e diversas cidades do interior do estado, como Capitólio, Montes Claros, Ouro Preto, Teixeiras, Ubá, Uberlândia, Varginha e Viçosa. A diferença das edições anteriores para esta é que pela primeira vez o ‘Brasil Sabor’ será realizado em formato híbrido, com os pratos servidos nos restaurantes e também na modalidade delivery.
É claro que a adaptação ao novo formato é fundamental, mas não dá para negar que estamos saudosos da época em que bares e restaurantes ficavam cheios de clientes desejando experimentar os pratos dos nossos festivais, das caravanas percorrendo todas as casas, dos eventos de lançamento no Mercado Central, enfim, da vida que pulsava antes da pandemia.
Fazer um festival sem o calor do público é possível, desafiador, mas não temos o mesmo brilho de outrora, mesmo porque em BH, por exemplo, não podemos sequer funcionar à noite, horário no qual a grande maioria do público escolhe para prestigiar nossos eventos.
Se os números fossem apresentados da forma como mostra o nosso Fechômetro, atualizado diariamente no perfil do Instagram @abraselminasgerais, acredito que o Brasil teria sim mais sabor.