Doce Riqueza
O mês de maio não pode terminar sem que eu faça a devida homenagem a um ícone da nossa gastronomia, o Doce de Leite Viçosa. Desenvolvido desde 1980 pelo laticínio da Fundação Arthur Bernardes – Funarbe, da universidade federal dessa importante cidade da Zona da Mata mineira, ele teve seu processo de fabricação reconhecido, no último dia 19, como de relevante interesse cultural pela Assembleia Legislativa de Minas Gerais.
A ideia inicial era que a iguaria fosse coroada como patrimônio imaterial, como já aconteceu com o queijo da Canastra, a Comunidade Quilombola dos Arturos e a folia de reis. Essa era a intenção original do Projeto de Lei (PL) 632/2019, do deputado Coronel Henrique (PSL). Porém, segundo o parecer da Comissão de Cultura da Assembleia, a atribuição de declarar patrimônio cultural é privativa do Executivo. Nesse caso, foi aplicado um substitutivo do PL, que reconhece o doce como importante do ponto de vista cultural-gastronômico. A pauta, agora, segue de volta para a Comissão de Cultura, antes de ser apreciada em 2º turno.
Independentemente de qual seja a nomenclatura do título, o doce ao qual me refiro faz, sem dúvida, jus ao reconhecimento que acaba de chegar. Ele é o mais premiado em todas as edições do Concurso Nacional de Produtos Lácteos (organizado pela Epamig e Instituto de Laticínios Cândido Tostes). Venceu em nove ocasiões: 2001, 2004, 2006, 2008, 2011, 2012, 2013, 2015 e 2016.
Vale destacar também, que por trás do Doce de Leite Viçosa existe uma cadeia enorme de produtores e empreendedores que movimentam a engrenagem da nossa economia. O título vem para coroar o trabalho de todos esses atores que, com extremo afinco, contribuem para impulsionar a ‘cozinha das gerais’. Mesmo com todos os desafios que se impõem, ela [a cozinha mineira] vem sendo fomentada por meio de projetos estruturados.
Entre eles, o Plano Estadual de Desenvolvimento da Cozinha Mineira, lançado em fevereiro pelo Governo do Estado, fruto de um trabalho sério e com esmero, que reúne entidades da sociedade civil organizada e de inúmeros setores produtivos. Tudo com um só intuito: promover políticas públicas para o fortalecimento da gastronomia como segmento estratégico de desenvolvimento socioeconômico, além de posicioná-la como um dos nossos principais produtos turísticos, cujo valor imaterial já ultrapassou fronteiras.
Em meio a mais essa nova conquista que muito nos engrandece, deixo aqui um convite para esta última sexta-feira de maio: que tal abrir o apetite do almoço de hoje com uma cachacinha, fazer a refeição com o nosso típico tutu de feijão e, de sobremesa, um queijo canastra com doce de leite Viçosa? Riquezas por aqui é o que não faltam. Viva!